sábado, 31 de janeiro de 2009

Seminário faz avançar unidade dos setores combativos


Fotos: Pedro Palikura
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31/01/2009
Belém (PA)
Diego Cruz
da redação do PSTU -
http://www.pstu.org.br/
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Entidades aprovam dia nacional unificado de luta.
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• Depois de quase dois anos, as diferentes organizações sociais e sindicais de esquerda que fazem oposição ao governo Lula voltaram a se encontrar. O seminário “A crise econômica mundial, os desafios, a classe trabalhadora e a reorganização do movimento popular” ocorrido na manhã desse dia 29 durante o Fórum Social Mundial, colocou novamente no mesmo espaço a Conlutas, pastorais, e diversos setores que compõem a Intersindical, como o MES, MTL, Enlace e a APS. Estiveram presentes cerca de 800 ativistas de todas as partes do país.
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O encontro de forças políticas do campo combativo e de esquerda ocorreu no ginásio da UEPA. Ironicamente, o evento acontecia poucas horas antes da chegada do presidente venezuelano Hugo Chávez, para evento no mesmo local. A grave crise econômica mundial que já produziu uma onda de desemprego no planeta e afeta agora o Brasil mostrou a necessidade da organização da luta contra seus efeitos sobre os trabalhadores. Mostrou, sobretudo, a urgência de se avançar na construção de um único instrumento de luta da classe trabalhadora.
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Efeitos da crise

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As diferenças entre as organizações são várias e, em alguns casos, profundas. Mas convergem com relação à gravidade da crise e seus efeitos sobre os trabalhadores. “Estamos vivendo uma crise clássica do capitalismo e sabemos muito bem o que esse sistema faz pra superá-lo: fecha fábrica, acaba com o emprego, retira direitos”, analizou José Maria de Almeida, o Zé Maria, da Coordenação Nacional da Conlutas.

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“O governo do Brasil e do mundo tentam jogar a crise nas costas dos trabalhadores”, disse Edson Costa, o Índio, representando o Enlace. E se a crise já não bastasse, os patrões têm ainda a ajuda das centrais para fazer com que os trabalhadores paguem seu preço. “As centrais pelegas atreladas ao governo que discursam contra a retirada de direitos mas na base aplicam a mesma coisa que atacam na imprensa”, denunciou Douglas Diniz, dirigente da CST, corrente interna do PSOL.

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Os debatedores lembraram que, com a crise, recrudesce a repressão à organização sindical e contra os ativistas. Casos como o de Joinville Frota, dirigente rodoviário do Amapá, ameaçado de morte, pipocam por todo o país. , afirmou Janira Rocha, dirigente do MTS. “Não somos coelhinhos para morrer com pancada na cabeça”, disse.

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E qual a saída para a crise? Para Zé Maria, essa crise do capital não pode ser superada pelos trabalhadores nos marcos desse sistema. “Acabar com essa crise pressupõe superar a propriedade privada, destruir o Estado burguês rumo a uma sociedade socialista”, defendeu.

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Reorganização e polêmicas

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Superar essa crise e esse sistema, porém, é impossível sem a organização dos trabalhadores, independente do governo e das centrais a ele atreladas. Esse foi também consenso entre as distintas correntes e entidades presentes e o que moveu esses distintos setores para se reunirem novamente. A última vez que isso ocorria foi durante o Encontro Nacional Sindical, em março de 2007 em São Paulo. “Hoje estamos fazendo história, talvez só daqui a vinte anos possamos olhar pra trás e ver a importância de nosso gesto”, disse Zé Maria.

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A unificação é necessária. O ritmo desse processo e o caráter dessa nova organização, porém, são polêmicas, como não poderia deixar de ser diante do número de correntes de setores, regiões e tradições diferentes. Setores da Intersindical, por exemplo, defendem uma entidade de caráter meramente sindical, ou seja, sem movimentos sociais e populares, como ocorre na Conlutas.

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O Enlace defende, por exemplo, que os estudantes tenham o mesmo peso que os demais setores nessa organiação. Hoje na Conlutas, por exemplo, o peso dos estudantes nas votações da Coordenação Nacional é limitado, a fim de que se garanta a superioridade decisória dos trabalhadores na entidade.

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Apesar de todas as diferenças, o dirigente da Conlutas propôs a realização de um grande encontro nacional dos trabalhadores ao final do ano, a fim de se discutir o processo de unificação.

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Aproximação

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O senso de responsabilidade diante da crise vai se impondo e o processo de aproximação entre as organizações avança. Ao final do encontro, os ativistas referendaram um documento assinado pelas entidades colocando como ponto principal a necessidade da organização de um dia nacional de luta. Seria a primeira ação no intuito de se forjar uma relação de proximidade e confiança, estreitando as relações dos setores que se colocam à esquerda do governo Lula. A data indicativa para as mobilizações foi o final de março.

[ 29/1/2009 17:28:00 ]

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