terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Haiti



A população haitiana continua a lutar pela vida

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Um artigo chama a atenção no jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (18). Feito a quatro mãos pelo professor de antropologia da Unicamp, Omar Ribeiro Thomaz e pelo estudante Otávio Calegari Jorge, da mesma universidade, que estão no Haiti, só constata o que já se esperava da missão das Nações Unidas: empenhar seus esforços para ajudar seus próprios mortos e feridos enquanto o povo haitiano cansado de esperar ajuda a si mesmo.

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A população trata seus feridos, retira os escombros com as forças que lhes restam nas mãos. “O que vimos foi, de um lado, (o povo haitiano) solidariedade, de outro a ausência quase que absoluta das forças da ONU e ajuda internacional”, revela o artigo.

Expõe ainda a ausência da Minustah que se intitula humanitária, mas que simplesmente diante de tamanho desastre sumiu. Os remédios e alimentos se amontoam no aeroporto, com a desculpa de “não existirem canais capazes de serem mobilizados para a tarefa”. E diante de tanto recurso esperado pela população, o que se vê: um aeroporto controlado por militares preparados para uma guerra.


A Minustah está há mais de seis anos no país e ainda não entendeu ou finge não entender como as coisas funcionam. Segundo o artigo, as “dame sara” mulheres haitianas que garantem o acesso aos haitianos aos produtos. Empresários locais que fornecem água. Então o porquê de não se utilizar desses recursos e ouvir o que a população precisa, para assim ser devidamente ajudada. Teimam em colocar os haitianos em papel de vítimas. Segundo o artigo “infelizmente a falta de ajuda parece estar ligada às disputas internacionais pelo controle do futuro do povo haitiano do que à emergência da situação.”


Responsabilizar a população ou a natureza pelo o que ocorreu seria uma barbárie. Um país que durante séculos foi explorado pelas grandes potências. Pressionado pelo FMI o Haiti em 1980 autosuficiente na produção de arroz, se viu obrigado a importar este produto, fazendo com que massas de camponeses saíssem dos campos e se aglomerassem em habitações precárias na capital. O mesmo aconteceu com o cimento, antes produzido no país e que no mesmo período, passou a ser importado dos EUA o que obrigou o povo a fazer uso de tijolos de areia para construções. Ou seja, a fragilidade do Haiti justifica-se por ser um refém de interesses internacionais.


O artigo ressalta que se deve fazer uma crítica ao caráter de ajuda internacional, pois milhares de militares continuam sendo enviados ao país como se estivem indo para uma guerra e não para uma catástrofe. “O Brasil, já imerso há seis anos em toda essa lama, entra no circo das potências.”


O Haiti continua a lutar por sua soberania e diante dos fatos o que se vê é um povo guerreiro e lutador e que cansou de esperar. Mais do que nunca o povo precisa ser identificado não como vítima e sim como a peça chave para vencerem mais este obstáculo e receberem como prêmio sua total liberdade.


Redação Conlutas


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