sexta-feira, 19 de julho de 2013

Mariah, ativista feminista e militante do PSTU, é detida arbitrariamente pela Polícia Militar


[Atualizado em 18/07/2013, às 10h22:
Mariah Mello foi liberada ainda nesta madrugada, por volta da meia-noite. "A investigadora me chamou pra depor e eu disse que só falaria em juízo, pois eles não me deixaram reunir com as advogadas antes, em reservado", contou Mariah. Entretanto, a acusação da PM se manteve e uma audiência foi marcada para o dia 19 de agosto.

Em seu perfil no Facebook, logo após a liberação, ela postou: 'Tô solta, gente! A PM fez uma abordagem tosca, totalmente desnecessária. Estávamos sentados pacificamente na reunião de GT de Direitos Humanos e Combate às Opressões (que ironia!) e já chegaram com arma na mão, mandando todo mundo botar a mão na cabeça. Disseram que estávamos em atitude suspeita. Foram grossos, provocadores e homofóbicos. Um PM humilhou um ativista que usava saia, chamou de viadinho e disse que no Brasil homem usava calça. Fui violentamente carregada para a viatura e não tive o direito de ter um acompanhante. Fui sozinha com os caras, aguentando piadinhas e ameaças. Tô solta, mas isso não vai ficar assim. Basta de repressão e perseguição política! Desmilitarização da PM!"]

A Polícia Militar protagonizou na noite de hoje, 17 de julho, mais um ato de perseguição aos ativistas dos movimentos sociais que têm enfrentado os governos nas ruas desde o mês passado. A companheira Mariah, mulher, mãe e professora, conhecida militante da causa feminista e LGBT, foi detida durante reunião do Grupo de Trabalho de Direitos Humanos da Assembleia Popular Horizontal de BH. 

A reunião do GT ocorria debaixo do viaduto Santa Teresa, local onde costuma se reunir a Assembleia Popular, e discutia a pauta que seria levada para a reunião com o governador Anastasia e ações futuras do movimento, quando uma viatura da Polícia Militar chegou ao local abordando moradores de rua, sob alegação de que eram usuários de crack. Os ativistas que estavam na reunião procuraram se informar do porque daquela abordagem. Não houve confronto nesse momento, e os policiais se retiraram do local.

Os problemas começaram alguns minutos depois quando a viatura retornou. Os policiais declararam que os participantes da reunião estavam em atividade suspeita, que debaixo do viaduto era local de tráfico de drogas, e começaram a agir de forma truculenta e a revistar os presentes. A revista foi feita com armas em punho, sem respeitar o direito das mulheres não serem revistadas (os policiais eram todos homens), mesmo sob forte reclamação dos militantes. Os policiais também fizeram questão de ser machistas e homofóbicos, fazendo piadas com as mulheres e hostilizando um companheiro que vestia saia. 

Nesse clima de desrespeito e enfrentamento que foi feita a detenção da companheira Mariah. Os policiais alegaram ter encontrado um baseado e a colocaram violentamente na viatura. Apesar de ter duas advogadas presentes, os policiais não deixaram ninguém acompanha-la e não informaram para onde ela seria levada. 

A detenção de Mariah é mais um claro ataque ao PSTU e aos ativistas da Assembleia Popular. Ontem, durante manifestação no viaduto onde morreu Douglas Silva e Luis Felipe, duas pessoas foram presas. Um militante metalúrgico do PSTU, que estava apenas em seu carro após o ato que ocupou a Câmara Municipal, foi detido de forma arbitrária por policiais militares. Muitos outros militantes foram detidos (e alguns continuam presos) nas grandes manifestações de Junho. No Rio de Janeiro, um ativista foi preso hoje em situação muito semelhante a que descrevemos aqui.

A criminalização dos movimentos sociais é a arma que os governos têm encontrado para intimidar os manifestantes que protagonizaram os grandes atos de rua e a greve nacional de 11 de julho. Sua intenção é fazer recuar a vanguarda das lutas e os partidos e organizações de esquerda independentes dos governos. O PSTU não se deixará intimidar por medidas como essa, nossa luta é por um Brasil justo e soberano, com saúde e educação de qualidade, onde a juventude e os trabalhadores decidam livremente o destino do país sem precisar se enfrentar com Tropa de Choque, Força Nacional, Polícia Militar ou qualquer outro órgão de repressão.

Fonte: Juventude PSTU - Belo Horizonte

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