sexta-feira, 25 de março de 2011

X Congresso: Trabalhadores em educação fortalecem sua organização


Nos dias 16, 17, 18 e 19 de março, mais de cem delegados ocuparam o auditório do Centro de Convenções da Associação Médica de Minas Gerais para a realização do X Congresso dos trabalhadores em educação da rede pública municipal de Belo Horizonte. Os delegados representavam mais de um terço das escolas da capital mineira, portanto uma representação qualitativa para os debates educacionais. E não só sobre educação, com o título “Stonewall”, este X Congresso trouxe à tona o debate sobre a opressão e a violência contra os homossexuais. O adjetivo “Stonewall” foi escolhido, pois era o nome de um bar que foi protagonista de um grande movimento que deu início à aparição das lutas dos direitos LGBT nos EUA, em 1969. A continuidade destas lutas ficou expressa na mesa de abertura do Congresso que contava com a participação da ALEM (Associação Lésbica de Minas Gerais), CELLOS (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual), GUDDS (Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual), MMM (Marcha Mundial de Mulheres), MML (Movimento Mulheres em Luta) e o setorial LGBT da CSP Conlutas. Elder, do setorial LGBT da CSP Conlutas, explica a difusão do tema homossexual nas grandes mídias e seu caráter superficial: “nos últimos dez anos, o capitalismo foi ‘mercantilizando’ as pautas de lutas LGBT. Hoje somos um segmento de mercado, não há uma discussão a sério sobre a realidade dos homossexuais em nossa sociedade. Prova disto é o grande número de casos de violência homofóbica em nosso país”. Para finalizar, Soraya, da ALEM, elogiou o Congresso: “parabéns ao SindRede por ousar e dizer o nome de quem a gente ama”.

Rompendo as fronteiras: debater educação e política nacional e internacional


No segundo dia, José Maria de Almeida, representante da CSP Conlutas; Fábio Bezerra, diretor de uma Intersindical; Carlos Campos, coordenador da outra Intersindical; Gilson Reis, membro da CTB; Marco Antonio, presidente da CUT Minas; e Maria Lúcia Fattorelli, membro da auditoria cidadã da dívida debateram sobre as políticas dos governos Dilma, Anastasia e Marcio Lacerda para os trabalhadores em educação. “Metade da receita de Belo Horizonte provém de verbas federais. É este dinheiro que paga nossos salários. Portanto falar de dívida pública nos atinge diretamente”, explica Fattorelli. Maria Lúcia apresentou uma série de dados que demonstram uma continuidade e, em certos pontos, até acirramento das políticas de FHC e Lula para o Brasil. Ela também chamou atenção dos trabalhadores para a suposta reforma tributária: “A PEC 233 está colocada como Reforma Tributária, mas não é. É uma reforma profunda na previdência que ataca diretamente os trabalhadores. Pois, se a reforma passa, as contribuições sociais vão direto para pagar juros”, enfatiza. Durante o debate, os palestrantes também abordaram a conjuntura internacional e a revolução na Líbia. 


Ao fim deste debate, os representantes que apresentaram as duas teses do Congresso fizeram suas defesas. Na parte da tarde, os delegados se dividiram em grupos para discutir e deliberar sobre os assuntos pertinentes à categoria. 


Educação pública de qualidade: quem trabalha na escola, sabe elaborar


Educação Infantil, Plano Nacional de Educação e desvalorização dos professores foram os temas abordados pelos debatedores no terceiro dia.


Lívia Fraga, doutora em sociologia da educação da UFMG, traz à tona a discussão do sujeito na Educação Infantil. Ou seja, sobre a necessidade em compreender melhor as potencialidades das crianças e bebês em sua fase de aprendizado. E, a partir daí, valorizar e entender o educador infantil como um docente tão importante quanto aqueles das etapas posteriores de ensino. “Não é cabível em uma educação de qualidade que se entenda a educadora infantil apenas como uma ‘mulher cuidadosa’. É preciso acabar com este conceito e valorizar a educadora como se deve”, explica Lívia. 



Gilberto Pereira de Sousa, autor do livro “A proletarização do professor - neoliberalismo na educação” e professor da rede estadual paulista, faz uma análise histórica das transformações da educação no país até hoje: “Chegamos à seguinte situação: "Ler e escrever ponto. Este é o currículo da escola pública: preparar o aluno para servir ao capital", explica Gilberto. Pereira de Sousa também enfatiza "A desvalorização do professor é parte da decadência educacional que vivemos. O Brasil é o 88º lugar em educação. O que era uma carreira de professor se transformou em bonificação por mérito”. 



Abel, do setorial de educação da CSP Conlutas, também desmascara as promessas do governo por meio do novo PNE: “Mais uma vez o PNE está revonando o que o antigo PNE não cumpriu. Não adianta ter promessas milagrosas todo ano, se o governo não investe sequer 4% do PIB em educação”.

Participação dos grupos: Somos parte de uma Rede que não se rompe não se vende


Os quatro grupos de debates abordaram, durante as tardes de quinta e sexta-feira, os diversos temas do congresso: conjuntura política nacional e internacional, a luta contra as diversas opressões, a política educacional, balanço das lutas, plano de lutas e campanha salarial, as mudanças no nosso estatuto. Os delegados tiveram uma participação ativa e definindo as propostas de resoluções que seriam enviadas para aprovação na plenária de sábado. Foi expressiva a quantidade de propostas dos grupos. A plenária final, iniciada às 8:00 foi encerrada às 19:00.


O término do congresso marcou mais um grande passo na reflexão da categoria rumo ao fortalecimento de nosso sindicato e à organização e politização da categoria. O próximo desafio será implementar as resoluções e atividades apontadas pelo congresso. As principais delas: a incorporação dos contratados da Caixa escolar ao Sind-Rede, a luta pela unificação das carreiras, o conjunto de propostas visando uma política educacional de interesse da classe trabalhadora da cidade. O Sind-Rede sai mais fortalecido como instrumento de organização e de enfrentamento diante do governo Marcio Lacerda e o grupo da SMED. 

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