domingo, 3 de agosto de 2008

ONDE HÁ FUMAÇA...

No debate morno da BAND, houve somente dois momentos tensos e um deles se deu quando o jornalista Teodomiro Braga resolveu tomar as dores dos últimos prefeitos da cidade e se indispor com a candidata Vanessa Portugal (PSTU). O entrevero continuou depois na coluna do brilhante articulista mineiro de 02/8/2008.
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Teodomiro teve suas razões para se indignar com a denúncia de Vanessa, que afirmou categoricamente que as 16 famílias que controlam as empresas de transporte coletivo em nossa cidade financiam a campanha eleitoral de candidatos a prefeito e vereador e exige deles a contrapartida, que é manter o sistema de transporte coletivo da cidade tal como está e não se empenhar com firmeza para ampliar as linhas do metrô. Afinal, vivemos uma época de denuncismo irresponsável, em que, de tempos em tempos, se joga lama em inocentes. Sujar a imagem de alguém é fácil. Agora, limpar a imagem perante a opinião pública depois de se cair em desgraça, essa é uma tarefa hercúlea que nem sempre se consegue completar com sucesso.
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Por outro lado, como cidadão e como eleitor e, principalmente, como usuário do péssimo sistema de transporte coletivo da cidade, também não posso deixar de dar razão à candidata do PSTU. Acho que a obrigação do político é essa mesmo. Ele tem que alimentar o público com as informações que possui sobre seus adversários. Numa campanha eleitoral, não existe denúncia vazia. Cabe a quem é citado em alguma denúncia, se não preferir fingir-se de morto, exercer o seu amplo direito de defesa.
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Nós, simples cidadãos comuns, também já ouvimos falar dessas famílias que controlam o transporte coletivo da cidade e em seu imenso poder. A única novidade que Vanessa Portugal nos trouxe foi em relação ao metrô. Está aí uma explicação mais razoável do que as que ouvimos até agora para o fato de a implantação do nosso metrô literalmente não sair do lugar.
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Por outro lado, nosso transporte coletivo, apesar das sucessivas intervenções da BHTRANS, perde em qualidade a cada dia que passa. O cidadão que tem que usar esse tipo de transporte é submetido a longas esperas nos pontos de parada, é transportado pior do que gado por motoristas mal treinados e viaja em péssimas condições, geralmente em pé, em ônibus abarrotados de passageiros que, via de regra, se deslocam lentamente em longos percursos de trânsito congestionado. Por que isso acontece? Porque não se exige das empresas que coloquem mais ônibus para circular, dando mais eficiência, rapidez e conforto ao sistema? O que impede que se tomem medidas de peso que resolvam e vez o problema do caótico sistema de transporte da nossa cidade?
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Existe uma coisa chamada jornalismo investigativo. Os candidatos que apresentarem denúncias sempre serão colocados sob suspeita, uma vez que estão numa disputa. Quando aparecem denuncias como a de Vanessa Portugal, denúncias essas que, volto a repetir, não são tão novas e nem tão vazias como afirma Teodomiro Braga, cabe à imprensa arregaçar as mangas e ir a campo investigar o que foi denunciado. O cidadão de Belo Horizonte quer entender porque uma cidade tão rica tem um sistema de transporte coletivo tão pobre e caótico.


Luiz Lyrio – Professor
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