segunda-feira, 25 de julho de 2011

Greve REE Minas Gerais 2011

Cerca de 85 mil educadores já optaram pelo antigo sistema remuneratório. Governo terá que negociar
Contra os fatos não se pode brigar, diz a sabedoria popular. Quando o governo implantou a Lei do Subsídio, em meados de 2010, imaginou que a adesão ao antigo sistema remuneratório seria muito pequena. Assim mesmo deve ter planejado pequeno arsenal de ajustes para agradar a este poucos servidores, convidando-os a retornarem ao sistema de subsídio.

Contudo, o governo não contava com o julgamento realizado pelo STF em abril deste ano, da ADI 4167, que propunha justamente o que o governo realizou na prática com o subsídio: a soma de salário inicial e gratificações para se atingir os valores nominais do piso salarial nacional. O STF rejeitou a tal ADI e considerou constitucional a lei 11.738/2008, que instituiu o piso salarial nacional enquanto vencimento básico, despido de quaisquer outras formas de remuneração, como as gratificações e vantagens conquistadas pela categoria ao longo da carreira, às quais o governo gosta de chamar equivocadamente de "penduricalhos".

Amanhã, dia 25, o Diário Oficial de Minas deve divulgar um caderno especial com 1.175 páginas, trazendo a relação com o nome dos servidores que optaram pelo antigo sistema remuneratório, composto de vencimento básico e gratificação. Ao todo são cerca de 85 mil educadores, número este que pode crescer ainda mais, tendo em vista que muita gente pode ter deixado para fazer tal opção de carreira próximo da data-limite, que é o dia 10 de agosto de 2011. Sem falar naqueles que já optaram, mas que a burocracia das regionais ainda não deu conta de processar e inserir no sistema.

O robusto número de servidores que optaram pelo sistema de vencimento básico demonstra que a estratégia inicial do governo falhou. E que o governo terá que negociar com a categoria a implantação do piso no antigo sistema.

O subsídio nasceu com erros de origem conforme cansamos de apontar aqui no blog. Incorporou as gratificações dos antigos servidores antes mesmo de promover o reajuste do valor básico, o que representou violento confisco salarial; reduziu os percentuais de promoção e progressão e posicionou a todos no grau inicial da carreira, praticamente eliminando a perspectiva de carreira para os educadores.

A única vantagem imediata trazida pelo subsídio, que era o reajuste do antigo teto salarial de R$ 935 para R$ 1.320 para o professor com curso superior, deixou de ser atraente, quando consideramos que o valor do piso salarial muito rapidamente ultrapassará este valor e manterá todas as outras vantagens da antiga carreira.

Na verdade, a nova realidade criada com a Lei do Piso - e considerada plenamente constitucional pelo STF, de maneira irrecorrível e com força vinculante - impõe aos governos estaduais e municipais maior atenção para com as receitas da Educação. Ao invés de imporem adaptações maquiavélicas nos planos de carreira, destruindo-os e cortando direitos, como tem sido a prática dos governos, incluindo o de Minas, os governantes deveriam se esforçar para cumprir a lei e pagar o piso.

A lei do piso, com todas as limitações e com o valor mínimo muito aquém do que os educadores merecem (merecemos), tem o mérito de definir o caráter cooperado entre os entes federados, tendo em vista o cumprimento da lei. Não há, portanto, a desculpa de não haver recursos em caixa para não pagar o piso, já que os governos estaduais e municipais poderão recorrer ao governo federal requisitando a complementação dos recursos necessários para se alcançar o piso salarial.

A exigência imposta pela União é a de que os governos estaduais comprovem a correta utilização dos recursos da Educação, especialmente os 25% da receita, que pela Constituição Federal devem ser aplicados obrigatoriamente nesta área. Claro que caberia também ao governo federal, como parte interessada e envolvida no sistema nacional de ensino, fiscalizar, cobrar e oferecer ajuda técnica e financeira para o cumprimento do piso. Isso também não tem acontecido, consubstanciando-se o que temos denominado aqui como uma espécie de cumplicidade de quadrilha entre os entes federados.

Se o legislador desejasse que o piso fosse considerado soma de todas as vantagens e gratificações ao vencimento básico ele teria deixado isso claro no texto da lei. Mas, ao contrário, ele deixou claro na Lei do Piso exatamente o oposto, ou seja, que o valor do piso é o valor mínimo, excluídas as gratificações e vantagens, que devem ser mantidas, até mesmo para se atingir o objetivo de valorização dos educadores.

Quando o governo alardeia, junto da mídia, que através do subsídio ele já paga até mais do que o valor proporcional do MEC para 24 horas, de R$ 712,00 para o o profissional com o ensino médio, ele omite pelo menos quatro informações básicas: 1) que não paga o piso no antigo sistema remuneratório, cujo salário inicial é de R$ 369,00 - o mais baixo do país; 2) que somente neste antigo sistema as gratificações e vantagens são preservadas, ampliando o valor nominal total dos salários; 3) que os índices de promoção e progressão são maiores no sistema de vencimento básico; e 4) que os reajustes anuais previstos na lei do piso praticamente não alcançam o subsídio, ao contrário do sistema de vencimento básico, que deve ser corrigido automaticamente. Isso sem falar no fato de que o subsídio, como já demonstramos inúmeras vezes, é teto, e não vencimento básico, como determina a lei.

Agora, com a publicação da enorme lista de servidores que optaram pela antiga carreira, cabe ao governo reconhecer este robusto pronunciamento da categoria e chamar o sindicato para discutir a implantação do piso neste antigo sistema. Não está mais em discussão qual o sistema remuneratório é o melhor ou o pior para a categoria, pelo menos para estes 85 mil que já decidiram retornar ao antigo sistema. Além disso, o governo comete outro erro quando tenta intimidar estes servidores com a ameaça de punir os mesmos com a redução salarial, que supostamente retornaria aos valores de dezembro de 2010. Com isto, o governo incorreria em duas ilegalidades confessas, como já dissemos antes: a de reduzir o valor da remuneração, contrariando a Carta Magna; e a não implantação do piso no antigo sistema remuneratório, descumprindo lei federal.

Em agosto, a greve dos educadores deve se fortalecer. Se o governo quiser evitar uma radicalização maior deste movimento, o que seria desgastante principalmente para o governo, deve deixar de lado estas práticas coercitivas e de desprezo, e chamar o sindicato para negociar seriamente a implantação do piso salarial. Outros pontos podem e devem ser negociados a posteriori, mas essa questão específica, do piso no antigo sistema remuneratório, é o ponto principal, se o governo deseja realmente que a greve acabe. E olha que há muitos outros pontos a cobrar, como o terço de tempo extraclasse, que representaria 20 mil novas vagas, ou pelo menos o pagamento adicional por três aulas a mais para cada professor que detenha o cargo completo.

É bom considerar também que no segundo semestre, ainda que tardiamente, a CNTE e os sindicatos regionais têm programado movimentos de paralisação nacional pela aplicação do piso. Embora esta mobilização infelizmente venha a acontecer quando a maioria das greves estaduais tenha chegado ao fim - muitas delas derrotadas justamente pelo isolamento -, não resta dúvida que nos estados onde a greve continua, como Minas e Rio de Janeiro, pode-se verificar a potencialização e o fortalecimento ainda maior das referidas greves, especialmente se as lideranças da base assumirem para si este movimento.

Portanto, o governo de Minas não tem outra alternativa a não ser negociar com a categoria. Se tentar buscar o caminho da Jutiça, como fez no ano passado, terá dificuldade em explicar aos desembargadores porque não cumpre a lei. Além disso, seria uma contradição por parte da Justiça querer punir aqueles que lutam pelo cumprimento da lei, poupando quem não a cumpre.

Que o governo leve em consideração esses dados e mude a sua conduta com os servidores, especialmente os educadores, cuja realidade é dramática e merece maior respeito.

Diante disso, a greve continua, até a nossa vitória!

Um forte abraço a todos e força na luta!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Informe Sind-Rede/BH - Julho - 2011

As fotos da manifestação em defesa da Educação Infantil e pelo envio do reajuste à CMBH já estão no Facebook do Sind Rede.

Dia de greve paralisa 90% das escolas de educação infantil de Belo Horizonte

A secretária de educação, Macaé Evaristo, falou o que quis e viu o que não quis. Cerca de 600 trabalhadores em educação foram à porta da Prefeitura para protestar contra as abobrinhas que Macaé falou sobre a Educação Infantil. Dentre elas, como todos já sabem, estão: a concepção de que quem leciona em educação infantil não pode ser considerada professora; trabalhadora em educação infantil não precisa ter faculdade e, mais -- que atinge toda a comunidade -- professora de educação infantil não precisa planejar aula, porque a criança só vai brincar na escola. É esta a concepção de educação que a prefeitura tem para as crianças da cidade? Como se não bastasse este desrespeito ao trabalho valoroso que as professoras de educação infantil realizam na labuta diária dentro das escolas, o prefeito Marcio Lacerda não enviou o projeto de reajuste salarial à Câmara Municipal. O prazo definido pela própria prefeitura foi dia 30 de junho, mas eles não cumpriram. Como sempre, muito alarde, muita mídia, mas nada de reajuste na mão. Para lutar contra estes ataques da prefeitura, a REDE se uniu mais uma vez e mostrou o seu poder nas ruas e avenidas de Belo Horizonte.


Se ainda não tem uma conta no facebook? Crie aqui: http://www.facebook.com




Fonte:Departamento de Comunicação e Imprensa do Sind-REDE/BHwww.redebh.com.br | twitter: @redebh | 3226-3142
Grupo de Representantes de Escolas e Umeis da Rede Municipal de Belo Horizonte/MG

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Informes Sind-Rede/BH - Julho - 2011






Professor Wanderson

A melhor maneira de experimentarmos o que o outro sente é nos colocarmos no seu lugar (excetuando-se a Lei de Newton). Os aposentados sem paridade foram ignorados pelo SindRede e, agora, todos (sindicalistas inclusive) estão sem a perspectiva imediata de aumento. Neste contexto o SindRede ensaia um grito de revolta(?). O grito que não foi emitido na defesa dos aposentados por laudo médico, excluídos da recomposição salarial em 2011 e anos anteriores.
Os aposentados/RMEPBH, com ou sem paridade, precisarão unir-se para que se sintam representados, pois este sindicato apresenta ações confusas e desconexas.
Veja mais um dos inúmeros exemplos da ineficiência do SindRede:
-Não houve um único comunicado do resultado da reunião dos aposentados/EC41 com o Secretário Adjunto de Recursos Humanos ocorrida em 15/06/2011.
Inexplicavelmente apareceram para a reunião (sem terem sido convocados) componentes do SindRede, mas como se nota, sua atuação (não convocada e nem esperada) foi nula.
- o site do SindRede continua desatualizado. Uma desatualização que é uma constante e dura, em média, 4 ou 5 semanas. A matéria que estampa a face do site ainda é a conquista (torta) do aumento. Lamentável e triste percebermos que a nossa categoria encontra-se à mercê de um grupo como este.

Abraço.

Prof. Cláudio/Aposentado por Laudo Médico/Sete Lagoas-MG
4 de julho de 2011 22:07